segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A difícil passagem do tecnozóico ao ecozóico, artigo de Leonardo Boff

As grandes crises comportam grandes decisões. Há decisões que significam vida ou morte para certas sociedades, para uma instituição ou para uma pessoa.

A situação atual é a de um doente ao qual o médico diz: ou você controla suas altas taxas de colesterol e sua pressão ou vai enfrentar o pior. Você escolhe.

A humanidade como um todo está com febre e doente e deve decidir: ou continuar com seu ritmo alucinado de produção e consumo, sempre garantindo a subida do PIB nacional e mundial, ritmo altamente hostil à vida, ou enfrentar dentro de pouco as reações do sistema-Terra que já deu sinais claros de estresse global. Não tememos um cataclisma nuclear, não impossível mas improvável, o que significaria o fim da espécie humana. Receamos isto sim, como muitos cientistas advertem, por uma mudança repentina, abrupta e dramática do clima que, rapidamente, dizimaria muitíssimas espécies e colocaria sob grande risco a nossa civilização.

Isso não é uma fantasia sinistra. Já o relatório do IPPC de 2001 acenava para esta eventualidade. O relatório da U.S. National Academy of Sciences de 2002 afirmava “que recentes evidências científicas apontam para a presença de uma acelerada e vasta mudança climática; o novo paradigma de uma abrupta mudança no sistema climático está bem estabelecida pela pesquisa já há 10 anos, no entanto, este conhecimento é pouco difundido e parcamente tomado em conta pelos analistas sociais”. Richard Alley, presidente da U.S. National Academy of Sciences Committee on Abrupt Climate Change com seu grupo comprovou que, ao sair da última idade do gelo, há 11 mil anos, o clima da Terra subiu 9 graus em apenas 10 anos (dados em R.W.Miller, Global Climate Disruption and Social Justice, N.Y 2010). Se isso ocorrer consosco estaríamos enfrentando uma hecatombe ambiental e social de conseqüências dramáticas.

O que está, finalmente, em jogo com a questão climática? Estão em jogo duas práticas em relação à Terra e a seus recursos limitados. Elas fundam duas eras de nossa história: a tecnozóica e a ecozóica.

Na tecnozóica se utiliza um potente instrumental, inventado nos últimos séculos, a tecno-ciência, com a qual se explora de forma sistemática e com cada vez mais rapidez todos os recursos, especialmente em benefício para as minorias mundiais, deixando à margem grande parte da humanidade. Praticamente toda a Terra foi ocupada e explorada. Ela ficou saturada de toxinas, elementos químicos e gases de efeito estufa a ponto de perder sua capacidade de metabolizá-los. O sintoma mais claro desta sua incapacidade é a febre que tomou conta do Planeta.

Na ecozóica se considera a Terra dentro da evolução. Por mais de 13,7 bilhões de anos o universo existe e está em expansão, empurrado pela insondável energia de fundo e pelas quatro interações que sustentam e alimentam cada coisa. Ele constitui um processo unitário, diverso e complexo que produziu as grandes estrelas vermelhas, as galáxias, o nosso Sol, os planetas e nossa Terra. Gerou também as primeiras células vivas, os organismos multicelulares, a proliferação da fauna e da flora, a autoconsciência humana pela qual nos sentimos parte do Todo e responsáveis pelo Planeta. Todo este processo envolve a Terra até o momento atual. Respeitado em sua dinâmica, ele permite a Terra manter sua vitalidade e seu equilíbrio.

O futuro se joga entre aqueles comprometidos com a era tecnozóica com os riscos que encerra e aqueles que assumiram a ecozóica, lutam para manter os ritmos da Terra, produzem e consomem dentro de seus limites e que colocam a perpetuidade e o bem-estar humano e da comunidade terrestre como seu principal interesse.
Se não fizermos esta passagem dificilmente escaparemos do abismo, já cavado lá na frente.

Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor

EcoDebate, 14/02/2011

Uma esperança: A Era do Ecozóico, artigo de Leonardo Boff

Quem leu meu artigo anterior ‘O antropoceno: uma nova era geológica’ deve ter ficado desolado. E com razão, pois, quis intencionalmente provocar tal sentimento. Com efeito, a visão de mundo imperante, mecanicista, utilitarista, antropocêntrica e sem respeito pela Mãe Terra e pelos limites de seus ecossistemas só pode levar a um impasse perigoso: liquidar com as condições ecológicas que nos permitem manter nossa civilização e a vida humana neste esplendoroso Planeta.

Mas, como tudo tem dois lados, vejamos o lado promissor da atual crise: o alvorecer de uma nova era, a do Ecozóico. Esta expressão foi sugerida por um dos maiores astrofísicos atuais, diretor do Centro para a História do Universo, do Instituto de Estudos Integrais da Califórnia: Brian Swimme.

Que significa a Era do Ecozóico? Significa colocar o ecológico como a realidade central a partir da qual se organizam as demais atividades humanas, principalmente a econômica, de sorte que se preserve o capital natural e se atenda as necessidades de toda a comunidade vida presente e futura. Disso resulta um equilíbrio em nossas relações para com a natureza e a sociedade no sentido da sinergia e da mútua pertença deixando aberto o caminho para frente.

Vivíamos sob o mito do progresso. Mas este foi entendido de forma distorcida como controle humano sobre o mundo não-humano para termos um PIB cada vez maior. A forma correta é entender o progresso em sintonia com a natureza e sendo medido pelo funcionamento integral da comunidade terrestre. O Produto Interno Bruto não pode ser feito à custa do Produto Terrestre Bruto. Aqui está o nosso pecado original.

Esquecemos que estamos dentro de um processo único e universal –a cosmogênese– diverso, complexo e ascendente. Das energias primordiais chegamos à matéria, da matéria à vida e da vida à consciência e da consciência à mundialização. O ser humano é a parte consciente e inteligente deste processo. É um evento acontecido no universo, em nossa galáxia, em nosso sistema solar, em nosso Planeta e nos nossos dias.

A premissa central do Ecozóico é entender o universo enquanto conjunto das redes de relações de todos com todos. Nós humanos, somos essencialmente, seres de intrincadíssimas relações. E entender a Terra com um superorganismo vivo que se autorregula e que continuamente se renova. Dada a investida produtivista e consumista dos humanos, este organismo está ficando doente e incapaz de “digerir” todos os elementos tóxicos que produzimos nos últimos séculos. Pelo fato de ser um organismo, não pode sobreviver em fragmentos mas na sua integralidade. Nosso desafio atual é manter a integridade e a vitalidade da Terra. O bem-estar da Terra é o nosso bem-estar.

Mas o objetivo imediato do Ecozóico não é simplesmente diminuir a devastação em curso, senão alterar o estado de consciência, responsável por esta devastação. Quando surgiu o cenozóico (a nossa era há 66 milhões de anos) o ser humano não teve influência nenhuma nele. Agora no Ecozóico, muita coisa passa por nossas decisões: se preservamos uma espécie ou um ecossistema ou os condenamos ao desaparecimento. Nós copilotamos o processo evolucionário.

Positivamente, o que a era ecozóica visa, no fim das contas, é alinhar as atividades humanas com as outras forças operantes em todo o Planeta e no Universo, para que um equilíbrio criativo seja alcançado e assim podermos garantir um futuro comum. Isso implica outro modo de imaginar, de produzir, de consumir e de dar significado à nossa passagem por este mundo. Esse significado não nos vem da economia, mas do sentimento do sagrado face ao mistério do universo e de nossa própria existência. Isto é a espiritualidade.

Mais e mais pessoas estão se incorporando à era ecozóica. Ela, como se depreende, está cheia de promessas. Abre-nos uma janela para um futuro de vida e de alegria. Precisamos fazer uma convocação geral para que ela seja generalizada em todos os âmbitos e plasme a nova consciência.

Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor

EcoDebate, 08/02/2011

O antropoceno: uma nova era geológica, artigo de Leonardo Boff

As crises clássicas conhecidas, como por exemplo a de 1929, afetaram profundamente todas as sociedades. A crise atual é mais radical, pois está atacando o nosso modus essendi: as bases da vida e de nossa civilização. Antes, dava-se por descontado que a Terra estava aí, intacta e com recursos inesgotáveis. Agora não podemos mais contar com a Terra sã e abundante em recursos. Ela é finita, degradada e com febre não suportando mais um projeto infinito de progresso.

A presente crise desnuda a enganosa compreensão dominante da história, da natureza e da Terra. Ela colocava o ser humano fora e acima da natureza com a excepcionalidade de sua missão, a de dominá-la. Perdemos a noção de todos os povos originários de que pertencemos à natureza. Hoje diríamos, somos parte do sistema solar, de nossa galáxia que, por sua vez, é parte do universo. Todos surgimos ao longo de um imenso processo evolucionário. Tudo é alimentado pela energia de fundo e pelas quatro interações que sempre atuam juntas: a gravitacional, a eletromagnética e a nuclear fraca e forte. A vida e a consciência são emergências desse processo. Nós humanos, representamos a parte consciente e inteligente da Via-Láctea e da própria Terra, com a missão, não de dominá-la mas de cuidar dela para manter as condições ecológicas que nos permitem levar avante nossa vida e a civilização.

Ora, estas condições estão sendo minadas pelo atual processo produtivista e consumista. Já não se trata de salvar nosso bem estar, mas a vida humana e a civilização. Se não moderarmos nossa voracidade e não entrarmos em sinergia com a natureza dificilmente sairemos da atual situação. Ou substituímos estas premissas equivocadas por melhores ou corremos o risco de nos autodestruir.A consciência do risco não é ainda coletiva.

Importa reconhecer um dado do processo evolucionário que nos perturba: junto com grande harmonia, coexiste também extrema violência A Terra mesma no seu percurso de 4,5 bilhões de anos, passou por várias devastações. Em algumas delas perdeu quase 90% de seu capital biótico. Mas a vida sempre se manteve e se refez com renovado vigor.

A última grande dizimação, um verdadeiro Armagedon ambiental, ocorreu há 67 milhões de anos, quando no Caribe, próximo a Yucatán no México, caiu um meteoro de quase 10 km de extensão. Produziu um tsunami com ondas do tamanho de altos edifícios. Ocasionou um tremor que afetou todo o planeta, ativando a maioria dos vulcões. Uma imensa nuvem de poeira e de gases foi ejetada ao céu, alterando, por dezenas de anos, todo o clima da Terra. Os dinossauros que por mais de cem milhões de anos reinavam, soberanos, por sobre toda a Terra, desapareceram totalmente. Chegava ao fim a Era Mesozóica, dos répteis e começava a Era Cenozóica, dos mamíferos. Como que se vingando, a Terra produziu uma floração de vida como nunca antes. Nossos ancestrais primatas surgiram por esta época. Somos do gênero dos mamíferos .

Mas eis que nos últimos trezentos anos o homo sapiens/demens montou uma investida poderosíssima sobre todas as comunidades ecossistêmicas do planeta, explorando-as e canalizando grande parte do produto terrestre bruto para os sistemas humanos de consumo. A conseqüência equivale a uma dizimação como outrora. O biólogo E. Wilson fala que a “humanidade é a primeira espécie na história da vida na Terra a se tornar numa força geofísica” destruidora. A taxa de extinção de espécies produzidas pela atividade humana é cinquenta vezes maior do que aquela anterior à intervenção humana. Com a atual aceleração, dentro de pouco – continua Wilson – podemos alcançar a cifra de mil até dez mil vezes mais espécies exterminadas pelo voraz processo consumista. O caos climático atual é um dos efeitos.

O prêmio Nobel de Química de 1995, o holandês Paul J. Crutzen, aterrorizado pela magnitude do atual ecocídio, afirmou que inauguramos uma nova era geológica: o antropoceno. É a idade das grandes dizimações perpetradas pela irracionalidade do ser humano (em grego ántropos). Assim termina tristemente a aventura de 66 milhões de anos de história da Era Cenozóica. Começa o tempo da obscuridade.
Para onde nos conduz o antropoceno? Cabe refletir seriamente.

Leonardo Boff é Filósofo e Teólogo
EcoDebate, 18/01/2011

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Reutilizar água da chuva ficou mais barato e fácil, por Buanna Rosa

Mais uma vez São Paulo foi castigada por tempestades e alagamentos que pararam a cidade ontem. E março ainda nem chegou, um mês conhecido por suas fortes e volumosas chuvas. Pensando nisso, o Greenvana Style traz pra você uma ideia super “eco” de como reutilizar essa água.

Até o ano passado, o Brasil comercializava apenas um tipo de tecnologia para a captação de água da chuva. Mas agora chegou ao país o sistema da empresa australiana Rain Harvestin que, diferente do antigo método, separa e descarta a primeira “leva” da água (que contém mais contaminantes) tornando mais segura a reutilização.

Representados no país pela Harvesting do Brasil, o sistema da Rain Harvesting custa 25%  do preço total dos métodos até então presentes no mercado , chegando a sair por R$ 530,00. Além disso, conta com uma instalação mais prática, pois as cisternas não precisam ser enterradas. Assim, qualquer pessoa seguindo as instruções pode instalar o captador, sem a necessidade de fazer grandes obras.



O sistema em si é simples. Um separador de folhas é instalado logo abaixo da calha e retira todos os resíduos com mais de 1mm. Depois de separar as impurezas, o aparelho direciona o primeiro fluxo da chuva para um reservatório e descarta o mesmo. Em seguida, esvazia automaticamente o recipiente e armazena o resto da água da chuva, que já sai pronta para ser consumida.

É possível encontrar diferentes kits dos produtos de acordo com a necessidade da sua casa. Você deve considerar a metragem do telhado e a quantidade de água para armazenagem. Estão à venda cisternas de até 10 mil litros.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Somos as mundanças que queremos no planeta, artigo de Leonardo Boff

Esta frase que parece arrogante é, na verdade, o testemunho do que significa o projeto “Cultivando Agua Boa” implementado pela grande hidrelétrica Itaipu Binacional nos limites entre o Brasil e o Paraguai envolvendo cerca de um milhão de pessoas. Os diretores da empresa – Jorge Samek e Nelton Friedrich – com suas equipes sabiamente entenderam o desafio global que nos vem do aquecimento global e resolveram dar uma resposta local, o mais inclusiva e holística possível. Esta se mostrou tão bem sucedida que fez-se uma referência internacional.

Seus diretores-inspiradores dizem-no claramente: ”A hidrelétrica Itaipu adotou para si o papel de indutora de um verdadeiro movimento cultural rumo à sustentabilidade, articulando, compartilhando, somando esforços com os diversos atores da Bacia Paraná 3 em torno de uma série de programas e projetos interconectados de forma sistêmica e holística e que compõem o Cultivando Agua Boa; eles foram criados à luz de documentos planetários como a Carta da Terra, o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis, a Agenda 21 e os Objetivos do Milênio”.

Operaram, o que é extremamente difícil, uma verdadeira revolução cultural, vale dizer, introduziram um complexo de princípios, valores, hábitos, estilos de educação, formas de relacionamento com a sociedade e com a natureza, modos de produção e de consumo que justifica o lema, escrito em todas as camisetas dos quatro mil participantes do último grande encontro em meados de novembro:”somos as mudanças que queremos no planeta”.

Com efeito, a gravidade da crise do sistema-vida e do sitema-Terra é de tal magnitude que não bastam mais as iniciativas dos Estados, geralmente, tardias e pouco eficazes. A Humanidade inteira, todos os saberes, as instâncias sociais e as pessoas individuais, devem dar a sua contribição e tomar o destino comum em suas mãos. Caso contrário, dificilmente, sobreviveremos coletivamente.

Christian de Duve, prêmio Nobel de Fisiologia de 1974, nos adverte em seu conhecido livro “Poeira Vital: a vida como imperativo cósmico”(1997) que “nosso tempo lembra uma daquelas importantes rupturas na evolução, assinaladas por extinções em massa”. Efetivamente, o ser humano tornou-se uma força geofísica destruidora. Outrora eram os meteoros rasantes que ameaçavam a Terra, hoje o meteoro rasante davastador se chama o ser humano sapiens e demens, duplamente demens.

Dai a importância de “Cultivando Agua Boa”: mostrar que a tragédia não é fatal. Podemos operar as mudanças que vão desde a organização de centenas de cursos de educação ambiental e capacitação, do surgimento de uma consciência coletiva de corresponsabilidade e cuidado pelo ambiente, da gestão compartilhda das bacias hidrográficas, de incentivo à agricultura familiar, da criação de um refúgio biológico de espécies regionais, de corredores de biodiversidade unindo várias reservas florestais, de mais de 800 km de cercas de proteção das matas ciliares, do resgate de todos os rios, do cultivo de plantas medicinais, da geração de energia mediante os dejetos de suinos e aves, da construção de um canal de 10 km para vencer um desnível de 120 metros e permitir a passagem de peixes de piracema até a criação de um Centro Tecnológico, Centro de Saberes e Cuidados Ambientais e da Universidade da Integração Latino-Americana entre outras não citadas aquí.

A sustentabilidade, o cuidado e a participação/cooperação da sociedade civil são as pilastras que sustentam este projeto. A sustentabilidade introduz uma racionalidade responsável pelo uso solidário dos recursos escassos. O cuidado funda uma ética de relação respeitosa para com a natureza, curando feridas passadas e evitando futuras e a participação da sociedade cria o sujeito coletivo que implementa todas as iniciativas. Tais valores são sempre revisados e pactados. O resultado final é a emergência de um tipo novo de sociedade, integrada com o ambiente, com uma cultura da valorização de toda a vida, com uma produção limpa e dentro dos limites do ecossistema e com profunda solidariedade entre todos. Uma aura espiritual benfazeja perpassa os encontros como se todos se sentissem um só coração e uma só alma.

Não é assim que começa o resgate da natureza e o nascimento de um novo paradigma de civilização?

* Leonardo Boff é Teólogo

** Artigo socializado pela ALAI, América Latina en Movimiento e publicado pelo EcoDebate, 20/12/2010

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Dogmas não são dialéticos, artigo de Efraim Rodrigues

[EcoDebate] O que acontecerá agora que descobriu-se que as constelações não estavam onde os astrólogos pensavam ?

Alguém cairá em si que por centenas de anos nenhum destes idiotas de turbante se deu ao trabalho de olhar para as constelações de que tanto falam ? Alguém perceberá que se afinal de contas as pessoas eram de um signo e achavam que era de outro é porque na verdade tanto faz ?

Talvez Parke Kunkle ingenuamente acredite que sua descoberta mudará algo. Eu não, porque dogmas não são dialéticos. Voltemos para o ambiente para eu explicar esta expressão digna de Jornada nas Estrelas.
Dogmas são verdades acima de discussão, coisas como a existência de Deus ou o time do coração, e há muito mais de dogma na vida das pessoas do que elas reconhecem. Quando quase mil pessoas morrem nas serras do Rio porque construíram suas casas ilegalmente, o bom senso diria que precisamos enrijecer a lei. Ser dialético é dialogar com a realidade.
Já o dogmático não quer saber. As pessoas morreram ? Acabemos com o Código Florestal. O preço da soja está baixo ? Acabemos com o Código Florestal. Precisamos competir com a China ? idem, idem idem
É inútil tentar convencer que no longo prazo o maior beneficiado pela melhoria do solo, água e combate de pragas seria a própria agricultura, quando o dogma é multiplicar 30 m pela extensão do rio e pensar quantos dólares de soja são perdidos por ano.

Mas aqueles 30 m melhoram a produtividade de todo campo ! Os ruralistas querem acabar com o Código Florestal.

Se você ainda acha que esta é uma questão “que depende do ponto de vista”, é só porque a mídia tem colocado em pé de igualdade pesquisadores com décadas de experiência e produtores rurais com interesses próprios e de curto prazo como Kátia Abreu.

O que ganha, por exemplo, o Professor Gerd Sparovek da USP ao publicar estudo provando que há toda uma fronteira agrícola nas áreas degradadas pela agricultura ? Seu salário não aumenta, ao contrário, ele dá a cara a bater por uma idéia. De toda forma, será difícil bater no “Dr Comprido”. Quem estudou com ele viu que desde tenra idade ele não se engana fácil.

Mostre-me um único pesquisador a favor da mudança do código que não seja proprietário de terras e eu próprio me tornarei um dogmático a favor de derrubar a floresta ripária para plantar soja.

A humanidade levou só 100 anos para livrar-se do flagelo milenar do escravagismo. Muito mais rápido hoje podemos nos livrar do pensamento anti- ambiental de curto prazo, mas para isso precisamos parar de ouvir aqueles que gritavam que a agricultura iria acabar sem os escravos, assim como seus bisnetos que repetem agora que a agricultura vai acabar se cuidarmos do ambiente do qual ela própria depende.

Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim{at}efraim.com.br), colunista do EcoDebate, é Doutor pela Universidade de Harvard, Professor Associado de Recursos Naturais da Universidade Estadual de Londrina, consultor do programa FODEPAL da FAO-ONU, autor dos livros Biologia da Conservação e Histórias Impublicáveis sobre trabalhos acadêmicos e seus autores. Também ajuda escolas do Vale do Paraíba-SP, Brasília-DF, Curitiba e Londrina-PR a transformar lixo de cozinha em adubo orgânico e a coletar água da chuva
EcoDebate, 08/02/2011


domingo, 23 de janeiro de 2011

Compromisso básico, por Cleber Ricci Anderson - guia "Bike na Rua"

Olhando o mundo por prioridades básicas, poderemos nos esforçar para que a vida de nossas cidades melhore em proporções satisfatórias, acompanhando o nível de conscientização da população. O projeto Bike Na Rua visa o equilíbrio do meio ambiente através da interação da população, que passará a utilizar a bicicleta como meio de transporte do dia-a-dia:


1 - A bicicleta é o meio de transporte mais eficiente para distâncias próximas aos 10 km.


2 - Uma parte considerável da população, principalmente os mais jovens, poderia passar a utilizá-la deixando seus lugares livres nos transportes coletivos para pessoas mais necessitadas e mais espaço para os automóveis que realmente tenham necessidade de percorrer distâncias maiores. O automóvel deve ser encarado como a última alternativa de transporte para o dia-a-dia. Desta forma, o trânsito melhorará porque tanto o ciclista quanto o motorista chegarão mais cedo a seu destino e o espaço preenchido nas vias públicas será menor. Um automóvel em movimento ocupa o espaço de quatro bicicletas e geralmente transporta apenas uma pessoa.


3 - A filosofia Bike na Rua aceita a cidade como ela é, por enquanto. Luta também por ciclovias, ciclofaixas, bicicletários e tudo mais que ajude o retorno das bicicletas às ruas. Sabemos que construir alguma coisa neste país acaba sendo demorado porque depende do entedimento de muita gente. É neste ponto que nós temos que lutar e reivindicar. Toda entidade ou mobilização precisa de quórum, de gente, de muita gente gritando, pedindo, fazendo barulho e dizendo "Bike Na Rua". Ciclovias, se bem projetadas, serão importantes para agilizarem nossos caminhos.


4 - O melhor caminho para as bicicletas são as ruas mais tranquilas, ou seja, estaremos nos educando pedalando dentro dos bairros, evitando assim as avenidas e cruzando-as apenas quando necessário. Aos poucos, naturalmente, os caminhos estarão se definindo no interior dos bairros. Nas ruas mais tranquilas temos mais segurança já que, por lei, a velocidade máxima para os automóveis deve ser de 40 km/k. Reivindicaremos o controle desta velocidade máxima. Pedalaremos pelo canto direito, deixando nosso lado esquerdo para que os carros nos ultrapassem com cautela. Respeitaremos para sermos respeitados, conseguindo aos poucos nossa autonomia e o entendimento de nossas atitudes no trânsito.


5 - A sociedade como um todo adaptar-se-á a esta transformação, reinvindicando:

a) locais adequados para o estacionamento de bicicletas nas empresas, escolas, edifícios, bancos, repartições públicas, fast-foods, etc, bem como nas estações de metrô e ônibus, não necessariamente mantidos pelas prefeituras. Os estacionamentos atuais para carros, poderiam transformar parte de seu espaço em bicicletários. Um carro estacionado ocupa o espaço de 18 bicicletas estacionadas de forma racional e econômica.
b) banheiros e vestiários à disposição do ciclista para que ele possa fazer sua higiene pessoal após a pedalada.


6 - Financeiramente, podemos citar alguns itens econômicos para a população, já que o homem civilizado normalmente sensibiliza-se bastante quando mexemos em seu bolso. Deixar o carro em casa resulta em beneficíos para a Comunidade:

a) menor gasto geral com o automóvel (combustível, manutenção, impostos, seguro, lavagem, pneus, câmaras, reparos de lataria, etc.).
b) maior preço de revenda, porque ficará mais conservado e com a aparência de novo.
c) trânsito mais leve, menor gasto com obras de manutenção asfáltica, incidindo no IPTU.
d) melhores condições do ar e menor probabilidade de acidentes, acarretando em um menor gasto com a saúde.
e) economia mensal, melhoria no orçamento familiar.


Fonte: Anderson Bicicletas

sábado, 1 de janeiro de 2011

Radar - por Ursinho Teddy

nas avenidas de piracicaba
sobre o canterio central
vive o temido
radarius eletronicus
hahahaha click click

sua principal presa 
é a pressa de alunos esalqueanos
e trabalhadores piracicabanos
hahahaha click click

a vitima de seu ataque
demora meses
para perceber o sangramento
na sua conta bancaria
e a cicatriz na carta de motorista
hahahaha click click